Ocupação Leda Maria Martins

Ocupação Leda Maria Martins
04 February 2025
O Itaú Cultural apresenta a Ocupação Leda Maria Martins. Dedicada a esta intelectual negra, poeta, professora, teatróloga, dramaturga, curadora, crítica de arte e Rainha de Nossa Senhora das Mercês.
A exposição reúne mais de 140 peças, como fotografias, rascunhos de poemas, primeiras publicações e processos de pesquisas, que revelam sua trajetória e diferentes formações – da academia tradicional às experiências na poesia, no teatro e no reinado –, os pensamentos conceituais desenvolvidos por ela, como tempo espiralar, encruzilhada, oralitura e corpo-tela, sua importância para o teatro com investigações sobre os dramaturgos Qorpo Santo (1829-1883) e Abdias do Nascimento (1914-2011), e o conhecimento como Rainha de Nossa Senhora das Mercês da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá, em Minas Gerais, estado onde mora.
Leda Maria Martins nasceu no Rio de Janeiro. Ao perder o pai, ainda menina, foi viver em Belo Horizonte com a irmã Ana Maria Martins e sua mãe Dona Alzira Germana Martins, quitandeira, cozinheira, cantineira, benzedeira e conhecedora dos poderes de cura das plantas, ervas e chás. Logo ela aprendeu a ler e escrever, estudar matemática e fazer teatro.
Dali em diante, a sua trajetória ascendeu rapidamente até conseguir uma bolsa de estudos que a levou a realizar o mestrado em Artes na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, e nunca mais parou. A sua obra acadêmica e seu pensamento se tornaram indispensáveis na investigação do teatro contemporâneo e na percepção da cultura no Brasil. São dela, por exemplo, obras fundamentais sobre Qorpo Santo (José Joaquim de Campos Leão, 1829-1883) e Abdias do Nascimento (1914-2011).
Em reconhecimento à sua atuação no campo do teatro, em 2017 foi instituído o Prêmio Leda Maria Martins de Artes Cênicas Negras de Belo Horizonte, cujas categorias refletem conceitos de seu pensamento. Em 2022, ela foi uma das contempladas no Prêmio Milú Villela – Itaú Cultural 35 Anos. Em 2023, recebeu o Prêmio de Mestre em Artes Integradas da FUNARTE. No mesmo ano, a sua obra foi fundamento do projeto curatorial da 35ª Bienal de São Paulo.
A mostra
A Ocupação revela essa trajetória ao percorrer as diferentes formações da homenageada, que passam pela academia tradicional e pelas experiências na poesia, no teatro e no Reinado. Também revela o seu processo criativo, afetos familiares e registros visuais e materiais que remetem à sua existência como Rainha de Nossa Senhora das Mercês da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá, em Minas Gerais.
“Eu sou tudo o que me constitui: poeta, pós-doutora, reinadeira, que foi princesa e hoje é rainha. Sou mãe, sou filha. Não mantenho comigo nem com o mundo uma relação de dualidade”, diz Leda em um dos vídeos produzidos pela equipe do Itaú Cultural e exposto na Ocupação. “Onde estou, mais nada está. Tudo o que me formata e constitui, está”, conclui.
O primeiro espaço da mostra está repleto de fotografias, rascunhos de poemas manuscritos e datiloscritos, primeiras publicações e processos de pesquisa de seu acervo. Encontram-se ali, também, vídeos com depoimentos da Rainha Perpétua do Reinado de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá Iracema Moreira, da escritora Ana Maria Gonçalves e das atrizes Natasha Corbelino, Renata Sorrah e Tatiana Tibúrcio, além de um vídeo com falas da própria homenageada.
Em seguida, a exposição revela três obras, encomendadas aos artistas Dione Carlos, Ricardo Aleixo e Rui Moreira a partir do conceito do tempo espiralar – um dos pensamentos conceituais de Leda, ao lado de encruzilhada, oralitura, corpo-tela (leia mais neste press kit em Conceitos). Há, também, uma réplica tátil de sua vestimenta durante os festejos do Reinado – a original está exposta na mostra Artistas do vestir: uma costura dos afetos, em cartaz no mesmo Itaú Cultural.
Por fim, o visitante chega a uma reprodução de um altar de fé e afetos e a projeção de uma obra audiovisual captada durante a festa do Reinado de agosto de 2024. Fecha esse espaço, Café com Leda – uma obra sonora e imersiva, na qual ela recita o poema Claves, publicado em seu livro Os dias anônimos, de 1999. A homenageada também conta, aqui, histórias como a de sua primeira experiência nos palcos, quando era criança, rememora o seu amor pelo teatro e questões do racismo estrutural. O visitante pode ouvir sentado, vivenciando as suas narrações.
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô
São Paulo/SP, Brasil
Visitação: terça-feira a sábado, das 11h às 20h; domingos e feriados, das 11h às 19h.
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